

mirella amorim
Carioca da clara, vivendo em São Paulo. Pós-graduada em Produção de Textos Literários pelo Instituto Vera Cruz/SP, multiartista, graduada em Serviço Social e servidora pública. Escritora, poeta, autora de “Amorogâmica” (Editora Patuá, 2024). Autodidata em artes visuais, bordadeira digital, criadora da página “Álibis & Alfarrábios”. Mirella deve à música brasileira sua formação subjetiva e estética e aposta nas fusões, amálgamas e encontros.
Sabe-se artista depois dos 40 anos e, em 2017, cria o blog “Álibis & Alfarrábios” que marca o início do seu percurso: quando mistura palavras suas e coletadas, fotografa e cria imagens para os versos que ouve. Em 2019, concebe e desenvolve o Projeto Mãos: um projeto fotográfico expansivo que, tendo a fotografia como álibi, flerta com a literatura e resulta em suas primeiras experiências audiovisuais. Ainda em 2019, assina a co-direção de fotografia do curta-metragem CoroAção selecionado para diversas mostras e festivais e premiado como melhor filme experimental na 4ª Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso (2019).
Em 2020, assume sua “palavra” e, sob influência da obrigatória experiência de isolamento social, escreve Enquanto durarem nossos estoques, uma série de textos gestados nos primeiros 150 dias de quarentena, textos que trazem uma abordagem irônica e pouco otimista da vida, mas, que encontram na arte, alternativa aos tempos de cólera. Fruto da intensidade do contexto pandêmico, desenvolve com artistas e não artistas uma série de leituras das crônicas da quarentena que são registradas em vídeo no projeto De um metro não passo.
Nas datas em que ocorreriam o carnaval de 2021, Mirella desembarca em Salvador – BA para filmar Por trás da Mão do Poeta, um projeto de curta documentário inspirado no verso da canção “Aquele Frevo Axé” (Caetano Veloso e Cézar Mendes) e na particular geografia da cidade de Salvador que vê o sol se pôr no mar. Neste mesmo ano, criou o projeto Toda vida dá um filme que busca nas histórias das pessoas comuns, a história de todos nós.
Em 2022 se muda para São Paulo e em 2023 inicia a pós-graduação em Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz. Em 2024, quando completa 50 anos, lança pela Editora Patuá AMOROGÂMICA REALISTÓPICA PANLÍRICA: um livro de poesia que propõe um bailado entre as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo em ritmo de deslumbres e estranhamentos ao som de música popular brasileira. A multiplicidade de estilo e linguagem é costurada pelos percursos de memória e por uma poética urbana, crítica, cronista e lírica. São três núcleos de poemas organizados em torno das temáticas que os neologismos do título sugerem e nomeados pelos versos: “os deuses são meninas”, “realidade esse antônimo de fé” e “poesia como caroços de melancia”.
Seu mais recente projeto é "entremarias", um romance-álbum inspirado no repertório de Maria Bethânia que será lançado em 2025.
por que álibis & alfarrábios
Na casa onde cresci (quiçá naquele tempo) não havia distinção entre músicas de adulto e músicas infantis. Ali, no final dos anos 1970, ouvíamos Bethânia, Roberto Carlos, Althemar Dutra, Simone, Gal... e começava a sentir o gosto das palavras. Passando pela boca, a caminho do pensamento, as palavras quicavam procurando sentido. Não era o bastante engoli-las, era preciso entendê-las. Uma pequena mente caprina se debatia com as contradições de “Outra vez”, franzia o senho pra dar conta de que esporas e molduras a pessoa de “Começar de novo” estava querendo se livrar, mas o maior desafio mesmo era entender “álibi”. Porque, mesmo que mais tarde tenha conseguido entender seu significado, levei muitos anos até compreender o que seria o: “álibi de ter nascido ávido e convivido inválido, mesmo sem ter havido”... nem sei se já compreendi de todo.
Com o tempo ia juntando meus alfarrábios como pequenas pistas de um quebra-cabeça policial, acumulando dúvidas e entendimentos. Álibi, a palavra, a música e o disco são a síntese da artista que me tornei. Se nasce como dúvida, transforma-se em ato de criação: Álibis & Alfarrábios.
Com muita alegria reúno neste site as ideias fundidas, os tais Álibis & Alfarrábios: “Toda Vida da um Filme”, “Projeto Mãos”, “Enquanto Durarem nossos estoques”, “Por trás da mão do poeta” e “De um metro não passo”; e mais fotografias, imagens, poesias, crônicas... enfim, criação.
Se for de paz, pode entrar!
Mirella Amorim
